A música diria "Bahia, terra da felicidade", mas concordo
mais com o professor entrevistado pelo Jô, que diz que a felicidade é diferente
para cada um, em cada momento.
Se bem me recordo, quando estive em Salvador há 09 anos para
o meu primeiro congresso de meio ambiente, eu era estudante, com pouco
dinheiro, dormia no chão de uma sala no então CEFET-BA que fica num bairro de
periferia, com um bando de outras colegas de curso e eu me diverti bem mais do
que hoje, portadora de conta corrente não negativada, dormindo a 2 quadras da
praia.
E o que mudou? Muito, a companhia (eu estava com amigos de
verdade, que se importavam comigo, ou pelo menos uma amiga), o motivo pela
minha vinda, eu! Eu mudei, lembro de ficar maravilhada com as várias mesas
redondas e apresentações de trabalhos para mim inovadores, que até hoje me
fascinam! (Apesar de quase não participar desse tipo de evento.) Acho que foi
ali que eu tive certeza que eu queria estudar e trabalhar na área ambiental. Acho
também que eu era uma pessoa mais feliz, não que eu não seja feliz hoje, mas
com certeza eu tinha menos cicatrizes no coração e menos preocupações.
Escolhíamos as palestras pelo temas e horários, para
podermos dormi um pouco mais depois das festas, passear na praia e outros
pontos turísticos e isso não era ser irresponsável. Era realmente não ter
aquela responsabilidade de horários, relatórios, de se fazer presente de forma
apresentável, já que depois da abertura quando fomos arrumados para uma festa,
descobrimos que como meros universitários nos primeiros períodos não teríamos
problemas em aparecer com o biquíni de baixo da camiseta, short e chinelo.
Ah, mas quanto saudosismo! Claro que eu me diverti aqui,
adorei caminhar no calçadão ouvindo as algumas músicas que meu irmão deixou no
cartão de memória do celular que me emprestou, experimentar sorvete de cajá do
ambulante, depois de almoçar casquinha de siri, bolinha de bacalhau e cerveja,
e repensar aquela cara esquisita que eu fazia quando alguém pedia suco dessa
mesma fruta no restaurante. De rir ao ouvir um comentário equivocado sbre a minha "morenice" ser baiana, de conhecer e conversar com gente humilde e
simpática (tá, admito que nós capixabas de forma geral não somos muito assim).
Ir a um show sozinha, adorar a baiana que antecedeu meu querido
Diogo Nogueira, sentir a energia de todo aquele povo cantando suas letras
cheias de fé.
Tirar um sábado para andar por pontos turísticos da cidade
tirando fotos, comendo coisas típicas, me dando o luxo de comprar umas coisinhas,
mesmo com o excesso de bagagem, observando particularidades da Bahia, por
exemplo, as negras aqui alisam menos o cabelo, as pessoas usam menos óculos escuros, como parece ter uma segregação maior de negros e brancos do que na minha
cidade, ou mesmo o sotaque baiano que até absorvi um pouquinho.
Se arrumar e ir para a sair com pessoas que você conheceu há
no máximo 48h, beber, dançar, cantar músicas da playlist alheia no carro a
caminho da balada, descobri que você não acha mais nem um pouco normal uma
pessoa que nem perguntou seu nome tentar te beijar. Com os outros tudo bem, só
não quero isso para minha vida.
Acho que quando se estar sozinha é que aprende mais sobre si
mesmo. Até tomar um susto quando o salva vidas me abordou e disse que eu estava
sendo seguida por um bando de pivetes faz parte da experiência de mais um
período longe do meu porto seguro, minha casa, meus amados amigos e família.
Então, termino dizendo que a Bahia pode ser sim a terra da
felicidade, como tantas outras que se fazem de belos cenários para momento de
alegria. Ou ainda, que leva a felicidade no talento de seus filhos abençoados com talentos sem igual como a música. Dia 15 de novembro, estarei de volta, mas não a Salvador, dessa vez
com amigos, só com o compromisso de voltar, ali em Prado, bem mais perto de
casa.